quarta-feira, 29 de junho de 2011

Barbie edição Bodas de Ouro


A revista americana Newsweek publicou, nesta semana, uma imagem de lady Diana, simulando como ela poderia estar hoje em dia, nas proximidades de completar 50 anos. A imagem, ligeiramente enrugada, mostra uma Diana moderna, segurando um iPhone. A reportagem que acompanha a imagem é de Tina Brown, autora da polêmica biografia “The Diana Chronicles” e amiga pessoal de Lady Di.
Em sua nova e imaginativa reportagem sobre a princesa, Brown especula que, se Diana não tivesse morrido em 1997, poderia ter se casado uma ou duas vezes, usaria botox, teria um leve ciúme da nora Katherine Middleton e quem sabe teria 10 milhões de seguidores no Twitter.
Na matéria desta semana, a Newsweek faz de Diana uma edição especial da “Barbie Cinquentona” e Tina Brown é a garotinha mimada que modifica a boneca a seu gosto. Essa aparente brincadeira da segunda revista mais lida dos Estados Unidos nos leva a refletir a respeito da “reificação“ de personalidades exercida pela mídia. Trocando em miúdos: coisificamos pessoas. O ser humano dá lugar ao mito. E mito não é gente. A jornalista, que se gaba de ter sido amiga íntima de Diana, não faz questão de valorizar a memória da Diana princesa do povo, filantrópica, mãe... Um exemplo feminino para a nação britânica.
Alguns leitores criticaram o mau gosto da reportagem e outros até mesmo ameaçaram cancelar a assinatura da revista. A pergunta que não quer calar é aquela feita pelo Los Angeles Times a respeito do fato: “Chocante, brilhante, ou simplesmente vulgar?”

Suellen Amorim

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A greve pelo G1


   O G1 começou a cobrir a greve dos metroviários desde as tensões iniciais até a paralisação de fato, neste caso há três interessados a empresa CPTM, os trabalhadores grevistas e é claro a população que fica a mercê de toda essa situação, busquei analisar essa cobertura na busca de um elemento do paradigma da objetividade: A imparcialidade. 
   Em texto do dia26/05/2011 19h48 - Atualizado em 26/05/2011 20h08, por exemplo, é anunciado que a greve de fato vai se realizar, as reivindicações dos trabalhadores são citadas:
  “Os metroviários reivindicam um reajuste de 10,79%, com base na inflação medida pelo IGP-M, e outros 13,8% de ganho de produtividade, conforme o ICV, do Dieese. Segundo a categoria, o Metrô ofereceu 6,39% de reajuste’’.
   Além das reivindicações, há uma declaração do presidente do sindicato dos metroviários, Altino de Melo e uma nota do Metro anunciando propostas para permitir a circulação do publico.
   Já em texto de 31/05/2011 16h32 - Atualizado em 31/05/2011 16h51, um texto mais curto. Notamos citações do TRT, Tribunal Regional do Trabalho, e o Metro, que através de sua assessoria apresenta uma declaração. Nenhuma declaração do sindicato ou grevistas.
   No mesmo dia do texto citado a cima um novo texto é publicado 31/05/2010 20h06 - Atualizado em 31/05/2010 20h06, rápido cita oferta da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) para evitar greve e a recepção dos grevistas.
   Depois do inicio da paralisação notamos uma mudança no texto, à voz agora é a do povo. Em texto de 01/06/2011 19h14 - Atualizado em 01/06/2011 20h30,o site afirma que a paralisação terá continuidade, logo em seguida uma declaração da CPTM, expondo o tamanho da greve e seus prejuízos para a população, os sindicalistas não são ouvidos, e ao se referir a paralisação dos Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, se utiliza do lugar comum “braços cruzados’’ para definir a situação.
    E em vídeo do texto acima citado, são apresentadas declarações enraivecidas de pessoas prejudicadas pela greve e da CPTM, grevistas não ouvidos.
    Em conclusão, no inicio da cobertura temos até certa parcialidade, todos os interessados são ouvidos, a situação é explicada. Mas com o inicio da greve de fato, ou seja, as paralisações o foco é o publico irado e a empresa, sem voz os grevistas parecem enquadrados como vilões, vide o uso da expressão "braços cruzados" para referirem-se a ação dos reivindicadores.
Lucas Santos Lima

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Valores da Mídia Ofuscam Programa Brasil sem Miséria

   Desde que a casa do então ministro da casa civil Antônio Palocci começou a cair não se fala de outra coisa. Curioso é o fato de não ter sido divulgado, até o dia 3 de junho, nenhum pronunciamento oficial, alguma descoberta relevante ou algum depoimento digno de uma notícia importante.  Nesse período a imprensa se ocupou em “botar água” nas acusações para fazer o assunto render.
   Notícias sem a menor importância foram publicadas. Como se não bastasse relatar o intrigante valor do apartamento do ex-ministro, a Folha Online publicou, como uma grande descoberta, que os pisos dos banheiros do apartamento do ministro são aquecidos. Ainda eram especulados os possíveis substitutos do ainda ministro , ao maior estilo do jornalismo esportivo que publica negociações indefinidas entre times e jogadores.
    Fatos imprecisos e irrelevantes como esses satisfazem um público que meramente consome notícias, e as absorve sem questionamento. Levando em consideração que nesses casos a notícia é transformada em produto, o  real interesse público muitas vezes é pouco comercial, conseqüentemente tem valor secundário.
   No dia 2 de junho a presidenta Dilma apresentou o programa Brasil sem Miséria, que tem como ambicioso objetivo tirar da pobreza extrema 16,2 milhões de brasileiros. Segundo o governo  O programa Brasil sem Miséria terá como eixos o aumento e a qualificação dos programas de transferência de renda, a ampliação dos serviços públicos e a inserção produtiva. Para isso, combinará programas já existentes, como o Bolsa Família, aos recém-lançados Pronatec (R$ 1,3 bilhão para bolsas de estudo e criação de 200 novas escolas técnicas) e Rede Cegonha (R$ 9,397 bilhões para atendimento seguro e humanizado desde a confirmação da gravidez até os dois primeiros anos de vida do bebê).
   Isso sim é uma notícia que mereceria grande destaque. Algo que interessa não só aos beneficiados pelo programa, mas toda população brasileira, que tem o direito de ser informada sobre as decisões políticas que interferem diretamente ou indiretamente em suas vidas.
   Infelizmente no dia seguinte àpresentação do programa os principais veículos do páis deram Manchetes a cerco de Palocci. Para complementar, à noite a Rede Globo exibiu no jornal nacional uma entrevista exclusiva com o petista. Grande ironia. Nenhuma novidade esclarecedora  foi dita e a exclusividade deu a impressão de uma entrevista pactuada, impedindo que perguntas mais ousadas e diversificadas fossem feitas por meios de comunicação com linhas editorias diferentes. Isso impede que o povo possa analisar o fato e tirar suas conclusões de maneira democrática.
   È difícil dizer se foi  pior a maneira como a entrecista foi veículada ou se foi sua repercussão que ofuscou, além do Brasil sem Miséria, diversos fatos que mereciam destaque como a séria crise americana e  a atualização das contas do Brasil, com as informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre.
   Os critérios de valor-noticia estudados no jornalismo, deveriam ser aplicados para hierarquizar  e selecionar e  o que é de maior interesse público. Todavia para grande parte mídia os valores-capitais, que novelas como o “caso Palocci proporcionam, são prioritários.
                                                                                                           Flávio ulhôa

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fúnebre ética jornalística


Qual é o limite entre um jornalismo ético e a manipulação da verdade? Mesmo que não deixe de ser a verdade, o que é verídico pode ser maquiado e faz-se entender, literalmente, o que não é.

A edição do dia 30 de maio de 2011 da revista Época traz na matéria da capa informações sobre o estado de saúde da presidenta Dilma Rousseff, baseadas em laudo médico, que o veículo alega ter acesso. Vem ilustrada com uma foto, que, no mínimo, pode ser descrita como mórbida, em que ela está com os olhos fechados em um fundo preto, como se estivesse morta em um caixão. A chamada diz que o seu estado de saúde ainda exige cuidados e ao ler a matéria, podemos concluir que Dilma “vai de mal a pior”.

O referido laudo médico, feito por profissionais respeitados na área e baseado em uma série de exames feitos por Dilma, garante que a broncopneumonia que a levou ao hospital Sírio-Libanês no dia 30 de abril de 2011 está totalmente curada. “Do ponto de vista médico, neste momento a Sra. Presidenta apresenta ótimo estado de saúde.”. Foram as palavras utilizadas pelos médicos.

Um veículo midiático jornalístico, tem como sua maior obrigação veicular informações verídicas de interesse público e ser pautado em um discurso ético. Não seria necessário citar as informações errôneas para questionar a ética da revista em questão. A foto utilizada na capa nos remete a ideia de morte, e nos leva a crer que Dilma Rousseff está “com o pé na cova”.

A matéria não causou revolta apenas no meio jornalístico. O Deputado Brizola Neto publicou em seu blog “Tijolaço”: “Essa é a “ética” dos nossos grandes meios de comunicação. Não precisam de fatos, basta construírem versões, erguendo grandes mentiras sobre minúsculas verdades.”.

A Época é um veículo direcionado a todas as classes e, desdenha a capacidade de apuração de todos os brasileiros. Muito além das consequências políticas, fere a ética jornalística. Utiliza informações verídicas e uma fotografia que não foi modificada com finalidades empresariais, criando um contexto melodramático e exagerado. Não respeita o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem da cidadã Dilma Rousseff. Não respeita o direito à informação verídica e apurada de todo cidadão. Não edifica sua conduta dentro dos valores humanos.

É inconcebível que um veículo de tão grande acesso crie um espetáculo se aproveitando dos problemas pessoais de uma figura pública. Como disse a jornalista Conceição Lemes, do jornal PlanetaOsasco, “O nosso compromisso de jornalistas é com a informação ética. O do médico é única e exclusivamente com o seu paciente, famoso ou anônimo. Hospital não é palco, doença não é espetáculo midiático nem paciente, escada. Esse show tem que parar.”

Bárbara Andrade



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mito Mídia

A mídia possui um caráter que pouco percebemos ou nos importa. Narcotiza ironicamente gentileza e altruísmo social em reportagens que colocam em júri – popular, ético ou empresarial? – os acontecimentos sobressalentes na seleção da imprensa.  Seja feita a justiça.

Na edição de 11 de maio de Conexão Repórter, do SBT, Roberto Cabrini trata do Mito Alani, a menina de 7 anos que se tornou conhecida internacionalmente como a pequena missionária do Brasil.

Com repercussão além do que qualquer criança poderia suportar, pontua sutil ou explicitamente Cabrini, em absurdos 35 minutos e 4 segundos o programa faz ingenuamente um metajornalismo às avessas: explora até que ponto toda essa exposição prejudica a vida da menina.

Conexão Repórter se utiliza de edições primárias de corte, enquadramento e trilha, no intento de sensibilizar a recepção. Ainda que questões pertinentes sejam colocadas, não foge à característica de espetáculo, como taxa em alguns momentos os cultos religiosos.

Eis o realismo fantástico da Mídia! Quão piedoso e justo o programa é ao expor e enredar ao comando do sarcasmo inconseqüente de Roberto Cabrini  seus personagens em busca de audiência?

Não haveria nenhuma declaração autorizada socialmente – como a da Psicologia tomada como aval de suas acusações aos pais da criança – que vetasse a abordagem que Cabrini faz à Alani? Responda agora: até que ponto toda essa exposição afeta a vida da menina?

Estará sendo a fé explorada? Tanto quanto tudo aquilo que a mídia manipula em prol do paganismo comercial.

 Gracy Laport.


ASSISTA O PROGRAMA NA ÍNTEGRA:

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Até que se prove o contrário...


TVI24: “Strauss-Kahn: Alegada vítima é guineense”

A rede mundial de computadores trouxe a público, esta semana, o caso do presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que está sendo acusado de abusar sexualmente de uma camareira de hotel na cidade Nova Iorque. Dominique teria tentado fugir, mas foi detido quando embarcava em um voo para Paris, cidade onde reside. 

O site português TVI24, na matéria entitulada “Strauss-Kahn: Alegada vítima é guineense”, traz uma abordagem interessante do fato, que diz menos do caso e mais de ética jornalística. Ao fim da notícia, é possível ler o subtítulo: “E a presunção de inocência?”. Ele traz a opinião pertinente da secretária geral do Partido Socialista Francês, Martine Aubry, que diz: «Com respeito por esta jovem, gostaria que fosse respeitada a presunção de inocência. Fiquei muito chocada com as imagens. [...] Não se pode humilhar alguém que ainda não foi julgado». As imagens que podemos recolher no Google sobre o caso mostram, invariavelmente, Strauss-Kahn algemado, sendo detido, ou sentado num banco (dos réus?) à frente de uma autoridade policial. 

A opinião da secretária nos faz refletir a respeito de valores-notícia como a barbárie e ainda, sobre ética jornalística. Um crime bárbaro como o estupro deve ser julgado como tal, mas não deve sofrer um pré-julgamento por parte de leigos como nós, jornalistas ou aspirantes a tal. Mais grave: sabemos da importância da condução de opinião pública que nos é conferida. 

Há que se refletir, em situações como essa, sobre inúmeros casos relatados pela imprensa nos quais julga-se, condena-se e prejudica-se personalidades e “ meros mortais” antes mesmo que a polícia e a justiça consigam entender o caso. 

Não pretendo provar a inocência de ninguém. Apenas concordo com Aubry quando o assunto é o direito sagrado à cabeça erguida, que a imprensa costuma negar sem piedade. 

(Por Suellen Amorim)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Reportagem sobre escândalo na merenda mostra bom exemplo de jornalismo

       Neste domingo, 8 de maio , dia das mães o programa semanal fantástico, exibiu uma reportagem sobre a merenda nas instituições publicas de ensino, para tanto a produção passou por varias cidades do interior do pais, do nordeste ao centro oeste, em um mês de apuração a equipe encontrou situações criticas em muitas escolas, comida estragada, vencida, armazenada sem qualquer cuidado e com a presença de animais, cenas absurdas de total descaso das autoridades publicas.
Ainda como se não fosse o bastante, acompanhada de tais denuncias surgiram diversas outras de desvio de dinheiro por parte das autoridades responsáveis pela alimentação escolar, uma série de prefeitos que ao invés de cuidar do dinheiro publico o desviava.
A reportagem de conteúdo forte rendeu uma parte dois no matutino Bom Dia Brasil, no dia após sua exibição no programa global, com direito a entrevista com um repórter que participou da matéria e comentários de Alexandre Garcia.
A apuração de tais fatos feita durante um período mais prolongado e com uma abrangência geográfica muito interessante, caracteriza um jornalismo cada vez mais raro de caráter investigativo no qual o jornalista produz a noticia ao ir atras de um fato que todos sabem de sua ocorrência mais ninguém se manifesta, o programa Fantástico já havia realizado reportagens de tal cunho como a que uma equipe rodou o pais averiguando prisões.
Do ponto de vista jornalistico é interessante notar nesta reportagem a presença de alguns critérios de noticiabilidades: como a polêmica, impacto, dramatização, que sem duvida vendem a matéria e mexem com o sentimento de qualquer “cidadão de bem” elevando a audiência, ou seja todo velho aparato midiático de enquadramento.
Só que dessa vez tais recursos são usados em prol de algo realmente importante, que pode gerar ecos na sociedade e talvez mudanças, e é essa uma das obrigações do jornalismo, e sendo o programa Fantástico quase que todo voltado para o entretenimento e matérias de primeira hora, tal trabalho merece respeito e repercussão.
A única ressalva que deve ser feita é que faltou a reportagem procurar escolas onde a merenda é de qualidade, para comparação e também para dar créditos a pessoas que trabalham duro todos os dia para que estudantes do pais inteiro possam estudar sem terem que se preocupar com a alimentação.

Lucas Lima  

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Obama, herói ou estrategista?

A morte de Osama foi comemorada pelo povo estadunidense como um título, foi a vitória contra a vergonha e o medo, que não eram do terrorismo em si, mas de terem falhado na guerra contra a personificação do terrorismo, representada por Osama Bin Laden. Não é preciso ser nenhum  Barack Obama para saber o que eliminar o grande inimigo significaria para o presidente dos EUA que o fizesse.
Inesperadamente nesta segunda feira, 2 de maio, Barack Obama anunciou a morte do líder da Al Qaeda e afirmou que a ausência do até então sumido e esquecido deixará o mundo mais seguro - Será que tempos antes do assassinato Obama diria que Osama ainda representava uma grande ameça? Discusões a parte, aconteceu que o povo americano condecorou o presidente como herói. Levando em consideração que o índice de aceitação do presidente não era bom e que recentemente foi anunciada sua candidatura, é impossível não questionar a veracidade das informações divulgadas pelo governo americano e a possibilidade de uma grande jogada política.
 Entre tantas dúvidas umas coisa é certa: Obama soube bem como explorar o chamado “Quarto Poder” para se promover. Era óbvio que a imprensa sedenta por notícias dignas de uma narração novelística iria ser o grande porta voz norte-americano. Mesmo antes da ONU pedir esclarecimentos, a imprensa mundial divulgou o pronunciamento, Obama aproveitou o espaço para despertar o sentimento de justiça no povo, que bombardeado de notícias e discursos recebeu as informações como sendo absolutamente reais. 
Se Obama é afinal ou não o "grande herói" dessa história talvez nunca se saiba, mas que foi vitorioso em sua estratégia de marketing, ganhando 9 pontos no índice de aprovação que talvez confirmem sua reeleição, é fato. Obama deve agradecer sua grande aliada: A imprensa, que por sua vez comemora mais uma novela lucrativa. Até que um novo fato abale essa relação de cooperação, a aliança manipuladora está formada!
                                                                                     
Flávio Ulhôa

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um "conto de fadas" contemporâneo

A mídia (e consequentemente as pessoas) aguardam ansiosamente o casamento do Príncipe Willian, da Inglaterra, com Kate Middleton. Sobre o acontecimento, banal para a maioria dos “mortais”, formou-se uma novela. É válido contar aos “espectadores” desde o passado das personagens, até a ficha criminal de seus parentes.

O que foi escrito no texto da reportagem de capa da Revista Época na edição do dia 18 de abril “Quem das mulheres não quis ser Cinderela? Qual menino não sonhou em ser Rei Arthur?”, resume o raciocínio, e mexe com o imaginário das pessoas, estimulando o caráter comercial, já que vende para todos os públicos.

A Revista reservou nada menos que 20 páginas para contar, nos mínimos detalhes, a pomposa cerimônia, além de frívolas curiosidades sobre o Príncipe Willian e Kate Middleton. Todavia, a revista de maneira surpreendente, justificou a necessidade de publicar tais informações, como se dissesse ao público: “Estamos publicando e fazendo render informações tão supérfluas, pois a futilidade vende, e se não o fizermos, vocês buscarão nas páginas de nossos concorrentes”.

Assuntos de suma importância recentemente, como e tragédia no Japão, ou a chacina em Realengo, foram deixados em segundo e terceiro planos, e substituídos tão rapidamente, apagando também da memória das pessoas o que não é agendado pela mídia.

O interesse público não tem lugar no atual contexto, e o que vale agora não é a venda indiscriminada de armas num país aonde isso é proibido, ou a possível construção de usinas eólicas no Brasil. É mais interessante escrever sobre o que o povo quer ouvir, e não sobre o que precisa ouvir.
Bárbara Andrade




 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os nomes de Realengo

     Karine Chagas de Oliveira, 14 anos. Rafael Pereira da Silva, 14 anos. Milena dos Santos Nascimento, 14 anos. Mariana Rocha de Souza, 12 anos. Larissa dos Santos Atanásio, 13 anos. Bianca Rocha Tavares, 13 anos. Luiza Paula de Silveira, 14 anos. Laryssa Silva Martins, 13 anos. A mídia contradisse seu cálculo exato, estatístico, quando identificou o nome e o tempo das doze crianças assassinadas em uma escola da zona oeste do Rio de Janeiro.
     A cidade de Realengo, local onde o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira voltou para disparar contra dezenas de estudantes suas armas, fez com que o 4° poder da sociedade – a Mídia – decidisse que a tragédia do Japão ou os confrontos entre árabes e israelenses perdessem categoria na hierarquização midiática.
     Todos os veículos informativos do país retomam, dia após dia, o acontecimento de 7 de abril. Não parece haver empecilho algum ao entrevistar e expor as crianças sobreviventes ou os familiares que perderam as suas. O objetivo é informar?
     A cobertura insistentemente progressiva cumpre apenas ao critério de anunciação – a promessa de novos detalhes sobre o caso - para que fidelidade da audiência seja preservada.
     Talvez isso nos faça pensar que a atenção dada às crianças ou aos criminosos do nosso país só parta de uma tragédia de repercussão internacional. Para que Realengo seja esquecida (não acho que deva), basta que a mídia selecione os fatos e hierarquize nossa atenção novamente, de acordo com os valores que elege como ideais. E as crianças voltam a ser número: 12 mortos. 


Gracy Laport.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

TROCO MULHER POR SÍTIO

No dia em que se espera o julgamento do pedido de habeas corpus feito pelo advogado do goleiro Bruno, ex titular do Flamengo, a cobertura do caso de provável homicídio pela mídia é de uma displicência preocupante.

Há registros, no mínimo contraditórios, como o do portal Pernambuco.com: ao mesmo tempo em que relata que Bruno vive depressivo na cadeia, comenta as regalias que o ex goleiro recebe, frutos de sucessivas artimanhas judiciais. E mais: Logo em seguida, interpreta tais regalias como um direito do encarcerado. Ainda cita opiniões contrárias de Cláudio Dalledone, advogado do goleiro e do pai de Elisa Samudio, Luiz Carlos Samudio.

Numa tentativa desesperada de manter a imparcialidade, o portal consegue apenas afirmar sua falta de criterio jornalistico, já que mescla a própria opinião ao “Ctrl C – Ctrl V” do Jornal Estado de Minas - edição de 03 de abril.

Mas o que se vê na internet nesta quarta-feira 06 de abril nao trata apenas do suposto homicídio: oportunamente no dia de hoje, o advogado Francisco Simim, responsável pelo patrimônio de Bruno, volta as atenções para a venda do sítio onde Elisa teria sido vista pela última vez. E alega: “não estou vendendo um cativeiro, estou vendendo um espaço de lazer”. Assim, consegue fazer com que sites como O Globo, Eband, Diario de Canoas e Tosabendo.com - este ultimo no clássico estilo sensacionalista – falem quase exclusivamente do trâmite imobiliário.

Uma coisa fica clara: como a sociedade brasileira, de raízes extremamente machistas, consegue trocar a vida de uma mulher por um sitio na cidade de Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte.

Aos interessados, a propriedade de 5 mil metros quadrados e 400 metros de área construída esta’ avaliada em 1,2 milhao, mas sai pela bagatela de 800 mil reais.




Suellen Amorim.

terça-feira, 29 de março de 2011

Sejam bem vindos participantes do MÍDIA EM MESA! Inauguramos nosso Blog com um debate que tem como tema a cobertura jornalística do acidente nuclear no Japão. Apesar de todas as falhas de um experimento inaugural, nossa proposta de discutir de diversas maneiras temas que, por razões óbvias,não são descutidos na mídia, teve um resultado animador. Mas isso é pouco! Cinco alunos de jornalismo não podem ser assistidos como se tivessem toda razão.Critique, elogie, concorde, discorde, argumente, contra argumente...Enfim, contribua para que possamos aprimorar nosso debate, ampliando nossa visão para critícar as informações que nos são fornecidas.
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Aqui vai um guia de termos e teorias utilizados durante o debate:
VALORES-NOTÍCIA Para Nelson Traquina e Pierre Bourdieu, os jornalistas têm óculos através
dos quais vêem certas coisas e não outras. Vêem de certa maneira as coisas
que vêem. Operam uma seleção e uma construção do que é selecionado.VALORES-NOTÍCIA DE SELEÇÃO
VALORES-NOTÍCIA DE CONSTRUÇÃO
B1 - Valores-notícia de seleção
I – Critérios substantivos
Critérios que dizem respeito à avaliação direta do acontecimento em termos
da sua importância ou interesse.
II – Critérios contextuais
Dizem respeito ao contexto de produção da notícia e funcionam como guias
para a reunião de pauta, sugerindo o que deve ser realçado, omitido ou
prioritário na abordagem do que será notícia.
2
Valores- notícia de seleção – critérios substantivos
Morte – onde há morte, há jornalistas.
Notoriedade – maior valor-notícia terá quanto maior for a celebridade ou
importância hierárquica dos indivíduos envolvidos no acontecimento.
Proximidade – Tanto a geográfica como a cultural. Quanto mais próximo ao
leitor, maior o valor-notícia. No entanto, por fatores econômicos, políticos ou
culturais, a proximidade geográfica é distorcida. Assim, Bagdá está mais
próximo do Brasil do que Quito.
Relevância – Assim, como Galtung e Ruge, Traquina mostra que este valornotícia
determina que a noticiabilidade tem a ver com a capacidade do
acontecimento ter impacto sobre as pessoas ou o país.
Novidade – Acontecimentos mais novos têm maior valor-notícia. A primeira
vez é sempre mais importante para a tribo jornalística.
3
Tempo – valor-notícia que aparece de formas diferentes:
atualidade – uso de ganchos para falar sobre determinado
acontecimento.
efeméride – aniversários, datas comemorativas como o os cem
anos do 14 Bis, os 5 anos do 11 de setembro, dia da criança, etc.
ritmo – a tirania do tempo leva à escolha de assuntos com mais
valor-notícia do que os
Notabilidade – acontecimentos visíveis ou tangíveis têm mais valornotícia.
Uma greve operária é mais tangível do que as condições de
trabalho de uma classe. A cobertura jornalística está mais voltada para
acontecimentos do que para problemáticas.
Inesperado – acontecimentos que surpreendem a expectativa da
comunidade jornalística. São os mega-acontecimentos.
Conflitos e controvérsias – a presença da violência fornece mais valornotícia.
Para Traquina, na prática, o uso da violência representa a quebra
do que é normal. Na mesma de raciocínio estão infração e escândalos,
que também reforçam a mítica do jornalista como cão de guarda das
instituições.
4
Valores- notícia de seleção – critérios contextuais
São os critérios que dizem respeito ao contexto do processo de produção das
notícias.
Disponibilidade – facilidade para fazer a cobertura do acontecimento. Pesa-se
quais são os meios e custos que a cobertura exige.
Equilíbrio – o valor-notícia tem relação com a quantidade de notícias sobre esse
assunto que já existem ou publicadas há pouco tempo. Assim, graças ao valornotícia
equilíbrio, assuntos que teriam grande valor-notícia por outros critérios,
perdem espaço.
Visualidade – Para a TV este é um valor-notícia fundamental, mas também
ocorre na web e no meio impresso. Elementos visuais associados à informação
dão maior valor-notícia.
Concorrência – A busca pelo furo jornalístico e pela exclusividade. Os
jornalistas andam numa matilha, seguindo-se uns aos outros com o medo de
permitir um furo para a concorrência.
Dia noticioso – Há dias ricos e pobres de acontecimentos com valor-notícia.
Assim, em algumas épocas do ano, assuntos com baixo valor-notícia têm mais
noticiabilidade como nas férias, Carnaval, Natal, etc.
5
Valores- notícia de construção
São os critérios de seleção dos elementos dentro do acontecimento dignos de
serem incluídos na elaboração da notícia. São a definição da abordagem.
Traquina aponta os seguintes critérios de valor-notícia de construção:
Simplificação – quanto menos ambígüo, maior noticiabilidade.
O dever do jornalista seria escrever de forma mais simples.
Amplificação – quanto mais amplificado o acontecimento, mais possibilidade de
notar a notícia. O jornalista amplifica ao escrever títulos como “Brasil chora a
morte de Covas”.
Relevância – Compete ao jornalista demonstrar a importância do fato para o
público.
Personalização – O jornalista valoriza as pessoas envolvidas no acontecimento
e valorizam o fator “pessoa” como forma de agarrar o leitor.
Dramatização – O jornalista reforça o lado dramático dos acontecimentos.
Consonância – O jornalista insere novidades num contexto ou numa história já
conhecida para facilitar a compreensão pelo público.

Notícias Analisadas:

14-03 Não há sinais de vazamento nuclear no Japão, diz agência da ONU

22-03 Vazamento Nuclear Assusta o Mundo

22-03 Redes sociais alimentam pânico no Japão

26-03 Japão se preocupa com elevada radioatividade no mar próximo a Fukushima