Desde que a casa do então ministro da casa civil Antônio Palocci começou a cair não se fala de outra coisa. Curioso é o fato de não ter sido divulgado, até o dia 3 de junho, nenhum pronunciamento oficial, alguma descoberta relevante ou algum depoimento digno de uma notícia importante. Nesse período a imprensa se ocupou em “botar água” nas acusações para fazer o assunto render.
Notícias sem a menor importância foram publicadas. Como se não bastasse relatar o intrigante valor do apartamento do ex-ministro, a Folha Online publicou, como uma grande descoberta, que os pisos dos banheiros do apartamento do ministro são aquecidos. Ainda eram especulados os possíveis substitutos do ainda ministro , ao maior estilo do jornalismo esportivo que publica negociações indefinidas entre times e jogadores.
Fatos imprecisos e irrelevantes como esses satisfazem um público que meramente consome notícias, e as absorve sem questionamento. Levando em consideração que nesses casos a notícia é transformada em produto, o real interesse público muitas vezes é pouco comercial, conseqüentemente tem valor secundário.
No dia 2 de junho a presidenta Dilma apresentou o programa Brasil sem Miséria, que tem como ambicioso objetivo tirar da pobreza extrema 16,2 milhões de brasileiros. Segundo o governo O programa Brasil sem Miséria terá como eixos o aumento e a qualificação dos programas de transferência de renda, a ampliação dos serviços públicos e a inserção produtiva. Para isso, combinará programas já existentes, como o Bolsa Família, aos recém-lançados Pronatec (R$ 1,3 bilhão para bolsas de estudo e criação de 200 novas escolas técnicas) e Rede Cegonha (R$ 9,397 bilhões para atendimento seguro e humanizado desde a confirmação da gravidez até os dois primeiros anos de vida do bebê).
Isso sim é uma notícia que mereceria grande destaque. Algo que interessa não só aos beneficiados pelo programa, mas toda população brasileira, que tem o direito de ser informada sobre as decisões políticas que interferem diretamente ou indiretamente em suas vidas.
Infelizmente no dia seguinte àpresentação do programa os principais veículos do páis deram Manchetes a cerco de Palocci. Para complementar, à noite a Rede Globo exibiu no jornal nacional uma entrevista exclusiva com o petista. Grande ironia. Nenhuma novidade esclarecedora foi dita e a exclusividade deu a impressão de uma entrevista pactuada, impedindo que perguntas mais ousadas e diversificadas fossem feitas por meios de comunicação com linhas editorias diferentes. Isso impede que o povo possa analisar o fato e tirar suas conclusões de maneira democrática.
È difícil dizer se foi pior a maneira como a entrecista foi veículada ou se foi sua repercussão que ofuscou, além do Brasil sem Miséria, diversos fatos que mereciam destaque como a séria crise americana e a atualização das contas do Brasil, com as informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre.
Os critérios de valor-noticia estudados no jornalismo, deveriam ser aplicados para hierarquizar e selecionar e o que é de maior interesse público. Todavia para grande parte mídia os valores-capitais, que novelas como o “caso Palocci proporcionam, são prioritários.
Flávio ulhôa
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