quarta-feira, 18 de maio de 2011

Até que se prove o contrário...


TVI24: “Strauss-Kahn: Alegada vítima é guineense”

A rede mundial de computadores trouxe a público, esta semana, o caso do presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que está sendo acusado de abusar sexualmente de uma camareira de hotel na cidade Nova Iorque. Dominique teria tentado fugir, mas foi detido quando embarcava em um voo para Paris, cidade onde reside. 

O site português TVI24, na matéria entitulada “Strauss-Kahn: Alegada vítima é guineense”, traz uma abordagem interessante do fato, que diz menos do caso e mais de ética jornalística. Ao fim da notícia, é possível ler o subtítulo: “E a presunção de inocência?”. Ele traz a opinião pertinente da secretária geral do Partido Socialista Francês, Martine Aubry, que diz: «Com respeito por esta jovem, gostaria que fosse respeitada a presunção de inocência. Fiquei muito chocada com as imagens. [...] Não se pode humilhar alguém que ainda não foi julgado». As imagens que podemos recolher no Google sobre o caso mostram, invariavelmente, Strauss-Kahn algemado, sendo detido, ou sentado num banco (dos réus?) à frente de uma autoridade policial. 

A opinião da secretária nos faz refletir a respeito de valores-notícia como a barbárie e ainda, sobre ética jornalística. Um crime bárbaro como o estupro deve ser julgado como tal, mas não deve sofrer um pré-julgamento por parte de leigos como nós, jornalistas ou aspirantes a tal. Mais grave: sabemos da importância da condução de opinião pública que nos é conferida. 

Há que se refletir, em situações como essa, sobre inúmeros casos relatados pela imprensa nos quais julga-se, condena-se e prejudica-se personalidades e “ meros mortais” antes mesmo que a polícia e a justiça consigam entender o caso. 

Não pretendo provar a inocência de ninguém. Apenas concordo com Aubry quando o assunto é o direito sagrado à cabeça erguida, que a imprensa costuma negar sem piedade. 

(Por Suellen Amorim)

3 comentários:

  1. Excelente abordagem do tema. Primeiramente, devemos ter em mente que pode se tratar de matéria vinculada tão somente para "cortar a cabeça" de alguém que exerce cargo de presidente do FMI (orgão de grande influência político e econômico), detalhe, algo que os americanos, devido ao seu declínio econômico, estão loucos para deitar-lhe a mão. Em segundo, a observância do princípio do estado de inocência é algo consagrado tanto na nossa constituição, quanto na legislação francesa, que proíbe a divulgação de fotografias de acusados algemados, além do proibir a vinculação do nome completo para fins de pesquisa de processos judiciais precisamente para não haver execração pública. Algo que deveria existir também no ordenamento jurídico brasileiro.
    A pergunta que não se cala é, "porquê eu recebo esta notícia, e de qual forma ela chega até mim?"
    Abraços a todos do blog.

    Leandro Fernandes

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  2. Obrigada, Leandro!
    Estamos aqui justamente para tentar fazer com que as pessoas - e nós mesmos - reflitam sobre a pergunta que você coloca.

    Grande abraço!

    Bárbara Andrade, Flávio Ulhôa, Gracy Laport, Lucas Lima e Suellen Amorim.

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  3. Concordo com o Leandro....
    Penso que Strauss-Kahn já foi julgado e condenado pela mídia mundial, pois a esta altura, mesmo que ele seja inocente, suas aspirações ao governo francês já era!!!!

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